Se nunca ouviram falar dela, não se iludam—ela está em todo o lado. É aquela rádio informal que transmite boatos, suposições e especulações em circuito fechado dentro das empresas. Não precisa de antenas nem de estúdios, porque vive nos corredores, nos almoços, nos cafés e, mais recentemente, nos grupos de WhatsApp.

Sim, porque a Rádio Alcatifa modernizou-se e agora tem transmissão digital. O que antes se sussurrava ao pé da máquina de café, agora corre a alta velocidade nas mensagens trocadas fora do horário de trabalho. O grupo que começou para organizar jantares de equipa rapidamente se transforma num fórum não oficial onde se discute quem está de saída, quem devia estar, quem foi promovido e quem não devia ter sido. E assim, entre emojis e mensagens de voz, criam-se realidades paralelas que minam a confiança e a colaboração.

O problema da Rádio Alcatifa não é apenas o boato ocasional—é o impacto real que tem na dinâmica das equipas. Pequenos rumores transformam-se em certezas absolutas, mal-entendidos crescem sem que ninguém os esclareça e, de repente, temos equipas que deixam de confiar umas nas outras sem perceberem bem porquê.

As empresas precisam de comunicação clara, direta e transparente. Os líderes precisam de falar antes que a Rádio Alcatifa fale por eles. Quando há silêncio por parte da gestão, o vácuo informativo não fica vazio—é preenchido por suposições, normalmente as piores possíveis.

Por isso, no Dia Mundial da Rádio, deixo um desafio: desliguem a Rádio Alcatifa e sintonizem-se na comunicação honesta. Parem de enviar indiretas nos grupos de WhatsApp e tenham as conversas que realmente precisam de ter. No final, vai fazer bem aos ouvidos… e, principalmente, às equipas.

Boas conversas!